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sábado, 2 de agosto de 2014

Suco de Confusão Política com bastante açúcar, por favor.

O que fazemos quando estamos querendo nos distrair? Cada pessoa tem um gosto e em cada gosto extrai-se um objetivo. Pode ser tocar um instrumento musical, olhar o pôr do sol ou até mesmo dormir. Para além das obviedades, há quem encontra num passeio ao shopping center um recanto para dissolver o caos da vida moderna. É nesse ambiente que podemos notar os mais variados gostos, velocidades e completo tumulto. Para analisá-lo superficialmente deparei-me com o cenário em questão em um sábado qualquer. Filas para entrar, filas para sair, filas para comer, filas para esperar. A espera deve ser um princípio básico para o sujeito que se propõem a passear nesse universo de ofertas e demandas. Há um motivo qualquer para distrair-se vendo coisas das quais não podemos nos apoderar? Sabe-se que essa reprodução do consumismo/capitalismo está escancarada ao olharmos para a menor das lojas às mais pomposas. Gastar significa estar ali. Estar presente e poder usufruir de um sentimento único de aquisição de objetos. Claro, o shopping oferece diversos serviços: alimentação, diversão, entre outros. No final das contas tudo é dinheiro.

 Os mais céticos afirmam que não. E quem sou eu para provar o contrário? De modo algum quero instituir um regime autoritário, uma esquerda cheia de remorso e mania de achar que tudo é de todos. Nunca foi assim e teimo em dizer que dificilmente vai ser. Olhe para a história e verifique se um regime comunista fora realmente eficaz em todas as suas esferas. Hobbes já disse que o homem não está aqui para brincadeira e tomar chá das cinco com seu arqui-inimigo. O homem é animal de difícil trato. Podemos até nos acostumar com a ideia de apaziguamento, mas a possibilidade de paz entre eles é mero conto de fadas. O que devemos fazer é buscar aperfeiçoamento, buscar alternativas reais para lidarmos com a questão de que "sempre haverá alguém que possui mais dinheiro que você." Parece simplório e extremista, mas a ideia é pertinente e realista, para a discórdia geral do pessoal que veste a camiseta surrada do Che com muito orgulho e paixão.

 Enquanto reflito sobre essa não conformidade, desigualdade, consumismo e ritmo frenético, peço um simples suco de laranja em uma das dezenas de lanchonetes. Todas parecem iguais mas o marketing massivo impregna a imagem de que a fruta ali está mais fresca que acolá. Tudo indica que nessa específica lanchonete algo está melhor. Pior, o valor é o mesmo das outras. O gerente, enfadonho e numa vestimenta fora de contexto, gravata, roupa social comprada em hipermercado, grita com a funcionária que extrai o suco da laranja "extra-fresca". "Olha o tamanho dessa fila! Mais rápido com esse suco aí!". Não há ética, etiqueta ou sei lá o que deveria existir para demonstrar um mínimo de descrição entre patrão e funcionário. Essa velocidade liberal é de doer as vísceras, de doer meu bolso e meu cartão de crédito. O que Karl Marx diria? Pensando bem, seria mais agradável se todos fossem iguais.

 Começo a tomar o suco. Termino de tomar o suco. Pego meu carro e vou embora do shopping. Liberalismo? Comunismo? Socialismo? O suco estava azedo demais, ativou instantaneamente minha gastrite, assim como o difícil dilema em encontrar um regime político que me atendesse e entendesse as necessidades também do meu vizinho, amigo, tio e tia.

FIM.

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