Em meu ensino médio não fui exposto o suficiente para falar em
público. Me recordo de apenas um seminário sobre um tema qualquer onde
eu disse poucas frases aleatórias. Neste caso, um amigo do grupo
preferiu falar a maior parte do trabalho. Me safei.
O tempo foi passando e pensei que jamais necessitaria passar pelo
‘constrangimento’ de falar em público. No entanto, a dimensão da minha
habilidade era como se uma única pessoa já fosse um público. De natureza
introspectiva, ao me ver dando bom dia, boa tarde e boa noite aos
clientes de uma videolocadora (meu primeiro emprego), logicamente me
surpreendi.
Começou difícil – assim como tudo na vida – e ao longo da jornada
começou a ficar natural. A desinibição para conversar com os clientes,
muitos dos quais ainda sou amigo, ficou dia após dia mais fácil.
Nova mudança à vista: novo emprego. Agora eu estava inserido em meio ao universo da informática. Trabalhar com TI
me obrigou novamente a ficar em silêncio, olhar somente para a tela do
computador, programar, analisar dados e compilar informações digitais.
Esse retorno à introspecção atrofiou minha habilidade de falar em
público. Nas poucas oportunidade que tive, senti-me um pouco
desconfortável. Logicamente, não foi o mesmo desconforto inicial, mas
senti uma queda significativa de desempenho.
Nestes anos no mercado de trabalho pude então constatar o seguinte:
falar em público é como exercitar um músculo. Se você não o exercita,
ele atrofia. Há o conceito de “memória muscular”
que diz que mesmo sem exercitar por um bom tempo o seu bíceps, por
exemplo, quando você voltar à regularidade física ele retornará à forma
de músculo ativo mais rapidamente do que se você iniciasse do zero.
Já fiz cursos, participei de diversas atividades e vi muitos vídeos
no Youtube. Quer saber o resumo disso tudo? Não há técnica milagrosa.
Você aprende uma coisa ou outra, como se portar numa palestra, como
olhar para o público, como treinar no espelho, mas no final da história
você só vai aprender fazendo. Apenas faça.
Muitos dizem: “mas e o medo”? Você acha que o piloto
de guerra não sente um calafrio ao subir em sua aeronave? Não há outro
meio, ou você vai lá e faz ou não vai desenvolver esse músculo da
maneira adequada.
O grande resumo da ópera é que você pode fazer o treinamento mais
fantástico do mundo, ler o livro mais empolgante da livraria, mas se não ir lá e falar para o seu público, para a sua sala de aula, para os seus colaboradores, nada vai adiantar.
Sim, a solução é mais simples do que parece: apenas fale e ponto
final. A não ser que você seja um gênio da oratória, o início será
difícil. Você vai errar, mas vai ficar mais forte com a jornada, com o
desenvolvimento.
- - -
Thiago Alencar - Cientista Social com
pesquisas sociológicas nos temas: "Alta Performance e Produtividade no
Trabalhador Contemporâneo"; "Empreendedorismo Social no Brasil" e "A
síndrome de Burnout na Pós-Modernidade". Escreve em blogs há mais de 15
anos e busca ajudar as pessoas a enxergarem além da "Matrix".
Obs.: Deixe sua sugestão para mais textos e temas relevantes.
quinta-feira, 21 de junho de 2018
segunda-feira, 18 de junho de 2018
O sujeito autônomo como modelo a ser seguido
Em minhas pesquisas sobre a ascensão do individualismo pude constatar
uma característica cada vez mais presente na definição do ser humano do
século XXI. O sujeito autônomo hoje é o modelo a ser seguido pelo resto
da sociedade.
O período histórico que ajuda didaticamente a localizar a ascensão deste sujeito está delimitado pela queda do muro de Berlin em 1989. A vitória irremediável do neoliberalismo representou também a bandeira da superioridade do livre mercado, da economia global e, não menos importante, a relevância do sujeito autônomo.
No sentido amplo da terminologia, o sujeito autônomo detêm habilidades que em outro período histórico seriam olhadas de esguelha por comunidades mais rústicas. Eis as “qualidades” fundamentais para a sobrevivência do sujeito autônomo em nosso tempo:
- hipercompetitividade;
- não cometer erros;
- ser dotado de agilidade e perspicácia para a resolução de problemas;
- resiliência;
- multitarefas;
- diariamente motivado;
- não pode estar triste;
- busca constante pela superação de si mesmo.
Tais características determinam o sujeito autônomo, porém destaco ainda mais um elemento de grande importância. Este modelo de sujeito é dotado de uma responsabilização pelo seu sucesso ou fracasso, negando quaisquer fenômenos externos, tais como a esfera política ou econômica, que possam estar lhe barrando na realização constante de seus “sonhos”.
O discurso amplamente disseminado pelos manuais de gestão de pessoas, liderança ou serviços de coach profissional, tem vendido um mundo feito de algodão doce aos sujeitos “pré-autônomos”.
Afinal, se o vizinho conseguiu sair do zero e hoje está milionário, por que eu também não? Se o amigo do amigo hoje lucra desenfreadamente com a sua startup, por que eu não? Se o meu amigo bate todas as metas, ganha comissões cada vez maiores, por que eu não?
Estes questionamentos tem ligação direta com o desejo de tornar-se autônomo, resolver todos os problemas e superar a si mesmo. No entanto, tal posicionamento frente o mundo do trabalho – e até da vida como um todo – tem provocado um adoecimento psíquico social. A depressão, a ansiedade e o aumento massivo da venda de psicotrópicos aumenta ano após ano e essa progressão converge diretamente com a imposição de indivíduos (ou trabalhadores) heróis, responsáveis por tudo. Em outras palavras, o adoecimento psíquico está aumentando porque os sujeitos não estão sabendo lidar com estas exigências.
Não devemos omitir essa perspectiva problemática da sociedade. Necessitamos rever com certa urgência esse novo espírito autônomo que tem se vendido para a humanidade. Quando iremos perceber que os seres humanos não são máquinas?
O período histórico que ajuda didaticamente a localizar a ascensão deste sujeito está delimitado pela queda do muro de Berlin em 1989. A vitória irremediável do neoliberalismo representou também a bandeira da superioridade do livre mercado, da economia global e, não menos importante, a relevância do sujeito autônomo.
No sentido amplo da terminologia, o sujeito autônomo detêm habilidades que em outro período histórico seriam olhadas de esguelha por comunidades mais rústicas. Eis as “qualidades” fundamentais para a sobrevivência do sujeito autônomo em nosso tempo:
- hipercompetitividade;
- não cometer erros;
- ser dotado de agilidade e perspicácia para a resolução de problemas;
- resiliência;
- multitarefas;
- diariamente motivado;
- não pode estar triste;
- busca constante pela superação de si mesmo.
Tais características determinam o sujeito autônomo, porém destaco ainda mais um elemento de grande importância. Este modelo de sujeito é dotado de uma responsabilização pelo seu sucesso ou fracasso, negando quaisquer fenômenos externos, tais como a esfera política ou econômica, que possam estar lhe barrando na realização constante de seus “sonhos”.
O discurso amplamente disseminado pelos manuais de gestão de pessoas, liderança ou serviços de coach profissional, tem vendido um mundo feito de algodão doce aos sujeitos “pré-autônomos”.
Afinal, se o vizinho conseguiu sair do zero e hoje está milionário, por que eu também não? Se o amigo do amigo hoje lucra desenfreadamente com a sua startup, por que eu não? Se o meu amigo bate todas as metas, ganha comissões cada vez maiores, por que eu não?
Estes questionamentos tem ligação direta com o desejo de tornar-se autônomo, resolver todos os problemas e superar a si mesmo. No entanto, tal posicionamento frente o mundo do trabalho – e até da vida como um todo – tem provocado um adoecimento psíquico social. A depressão, a ansiedade e o aumento massivo da venda de psicotrópicos aumenta ano após ano e essa progressão converge diretamente com a imposição de indivíduos (ou trabalhadores) heróis, responsáveis por tudo. Em outras palavras, o adoecimento psíquico está aumentando porque os sujeitos não estão sabendo lidar com estas exigências.
Não devemos omitir essa perspectiva problemática da sociedade. Necessitamos rever com certa urgência esse novo espírito autônomo que tem se vendido para a humanidade. Quando iremos perceber que os seres humanos não são máquinas?
quinta-feira, 29 de dezembro de 2016
Livro - Ruído Branco | Don Delillo
Pensar na morte traz ameaças. Ameaça à consciência; à liberdade; o prazer e, principalmente, à vida.
Me indicaram esse livro sob um resumo mal formulado. Uma nuvem tóxica aparece repentinamente em uma pequena cidade americana e traz consequências irreversíveis. Sim, isso realmente acontece, porém o enredo se desenvolve muito além da nuvem e do personagem principal Jack Gladney e sua família. Em resumo, o livro traz o conceito de morte como ator e protagonista da história.
Jack e sua família moderna, cheia de filhos de casamentos anteriores, um símbolo claro para a constituição de uma nova forma da instituição familiar, ajudam a compor o romance.
A vida pacata de Jack, professor universitário de uma disciplina nada convencional, se transforma após sua trapalhada exposição à nuvem tóxica. Sob o contexto da modernidade, as fobias e medos aprisionados em cada personagem demonstram a louca sensação de viver em nosso tempo.
A OPINIÃO
De modo geral, considerei o livro demasiadamente enrolado para chegar numa conclusão genuinamente gloriosa. Dentro da obra o final é acima da média, feito que a tornou mais interessante.
A NOTA: 7,0
quinta-feira, 10 de março de 2016
O medo de falhar – Sobre produzir conteúdo para a internet
A internet possui recursos praticamente infinitos para se obter conhecimento. Você quer aprender a fritar um ovo ou conhecer as teorias de Pitágoras? Enfim, tudo está ali disponível para ser consumido. No entanto, o filtro no qual apreendemos esse conhecimento às vezes é desligado e passamos a acompanhar coisas relativamente fúteis e que não fazem bem para o nosso aperfeiçoamento terrestre.
Assistir apenas um tipo de gênero de vídeo no YouTube faz bem? Gameplay, humor ou clipes? Realmente não sei se existem pessoas que são tão segmentadas virtualmente. Em suma, o exagero em certos nichos da internet não é bom, assim como o velho ditado que diz que nada em exagero faz bem.
Mas ressalvo que num dia desses ao ver um vídeo corriqueiro no YouTube, algo me chamou a atenção. Trouxe à tona uma verdade que me deixou estagnado e me fez refletir sobre uma verdade absoluta. Há tanta gente produzindo vídeo, há tanta gente escrevendo besteira na internet e há tanta gente vivendo disso que de imediato me fez pensar o seguinte:
“O aperfeiçoamento contínuo da teoria não me deixa colocar em prática meus aprendizados”.
Meu antigo blog trazia conteúdos aleatórios, desenhos e tanta coisa mal elaborada que me fez repensar minha contribuição para a internet. O problema deste atual blog é que planejo tanto, evito ao máximo errar algo que acabo por não arriscar ou produzir. Seria o medo do erro, basicamente.
Se os homens vivem em contínuo aperfeiçoamento, por que este blog deve ser perfeito desde o princípio? Se não me arrisco, não aprimoro minha escrita. Acredito que a constante hesitação em postar, escrever ou desenhar algo autoral tem ligação direta com o amadurecimento – talvez equivocado – de que minha autocrítica está demasiadamente exagerada. O julgamento alheio sempre haverá, seja benéfico ou não para o crescimento pessoal. Se paralisamos por conta dos olhares alheios, jamais melhoraremos nossas vidas pessoais/profissionais.
É mais fácil olhar e julgar, correto? Por que não fazemos melhor? Somos condicionados a observar tanta coisa ruim na grande mídia e temos ciência desse fato. O problema maior é ter consciência dessa deficiência de conteúdo, julgar numa opinião binária, do que realmente se concentrar e tentar mostrar ao mundo que você também pode criar algo melhor e de quebra surpreender as pessoas.
Não se deixe estagnar por encontrar excesso de falhas em seu trabalho. Melhor falhar e aperfeiçoar do que não falhar por não tentar.
FIM.
domingo, 21 de setembro de 2014
A Lagartixa e o Homem
Sabe aqueles dias em que você quer sentir-se sem carga? Sentir-se naturalmente livre e sem aquele peso insuportável do stress? Parei por um instante, no furacão da minha incessante procura pela paz interior e deparei com uma figura caricata. Andar ligeiro, parada brusca, análise de terreno. O ciclo se repete. Media um pouco mais que seis centímetros, branca feito gesso e de sangue, provavelmente, gélido. Querida lagartixa, apareceu repentinamente a fim de gerar-me reflexão. Eu clamava por paz e de um segundo para outro parei para observar seu divertido passeio.
Gosto de falar sobre a correria do mundo moderno, fruto deliberado da obrigatoriedade de manter-se vivo. Sim, para viver hoje em dia precisamos do máximo de velocidade possível. Pisa fundo e vai. Tem muita empresa por aí que avalia o desempenho do funcionário pela velocidade do seu serviço, e só depois, pela qualidade. "Você tem que fazer mais rápido", "quanto mais rápido melhor", são frases soltas no mundo corporativo. Claro, não devemos generalizar, mas se você trabalhar bem e vier de brinde o a velocidade, pronto. Ponto certo de sucesso.
Deveríamos ser como ela. A lagartixa agora estava parada à minha frente, congelada. Ela para e depois vai. No que ela faz, perfeita sincronia entre velocidade e interrupção do movimento, mora a chave da eficácia. Olha o terreno e depois avança.
No cenário humano as coisas andam difíceis e avessas a esse comportamento tão sábio do pequeno réptil. Andam, andam e querem chegar num lugar prometido. Eles nem sabem que lugar é esse e muito menos quem o prometeu. Simplesmente vão, andam e seguem sob uma meta invisível. Daí surge o stress, a maldita gastrite nervosa, entre tantos outros problemas psicossomáticos. O capital nos impõem, o Estado nos alerta, e até a grandiosa sagrada instituição familiar está ali para também nos deixar bem claro: jamais devemos parar.
A lagartixa pode não viver tantos anos, mas de uma coisa eu tenho certeza. Sei que enquanto ela vive, todos seus passos são friamente calculados. Andam e param. Param e andam. Nós, não.
FIM.
FIM.
segunda-feira, 11 de agosto de 2014
Motivação de boteco
O som da porta estava tão estridente que parecia querer
dizer algo. Dizer algo desesperador, de preferência. A porta estava às súplicas
esperando que alguém a penetrasse. Assim é a vida. Assim são as oportunidades
escancaradas e que damos de ombros ao não aproveitá-las. Você vive no mesmo,
pratica o mesmo e se conforma com o mesmo. Mas a porta tem vida própria, por
mais que você a negue ela sempre estará ali, rangendo os dentes e pedindo
incessantemente para que você a note no meio do abismo. O conformismo é um
estado de espírito no qual é difícil transpô-lo, o indivíduo fica impregnado numa
bolha, enclausurado, trancafiado numa dimensão que o cega e o deixa estagnado.
Difícil, claro, porém não impossível de sair desse ânimo neutro.
O que mais noto nas pessoas é a maneira como elas reagem aos
problemas. Inteligentes são aqueles que administram os conflitos. Como aprendem
tal técnica é um dilema que envolve diversos fatores. Fico impressionado com
pessoas que possuem um estado de permanência contínua de serenidade diante das
dificuldades. Apesar de tudo, pessoas erram, sofrem e são prostradas em
situações constrangedoras que amedrontam o presente, deixam marcas no passado
e estagnam o crescimento futuro. Por que digo tudo isso? Para deixar claro que
se você tem problemas (seja qual for), ficar estagnado esperando que a solução
caia do céu é um recurso falho. Erre, pene, mas saiba que as coisas só mudam
por atitudes diferentes e não o oposto.
Esse contexto de situações difíceis, portas (oportunidades)
que ficam submersas e muitas vezes passam despercebidas por nós, referem-se a
um dos mais importantes valores que o homem pode carregar: a reflexão. Segundo
Sócrates, a vida deve ser virtuosa e para tal deve ser refletida. Faço dessas
palavras as minhas.
Tem gente que costuma reclamar de tudo, da falta de dinheiro, da mesmice da vida, do emprego que não vem ou da sofrida carreira que possuiu ao longo dos anos. Mas o que tais problemas possuem em comum? A falta de atitude e reflexão para extingui-los.
Tem gente que costuma reclamar de tudo, da falta de dinheiro, da mesmice da vida, do emprego que não vem ou da sofrida carreira que possuiu ao longo dos anos. Mas o que tais problemas possuem em comum? A falta de atitude e reflexão para extingui-los.
Se deixar eu escrevo um livro sobre o tema. Apesar de gostar de falar sobre, não estou querendo me
vender aqui como um palestrante de autoajuda. No entanto, se você está lendo esse texto, por
favor faça uma reavaliação das suas atitudes e verifique se onde há um problema
também houve a tentativa de conserto. Houve? Ela é constante ou você desistiu
na primeira vez? Reflita, analise e reveja seu pensamento, pois ele talvez
possa estar mais velho do que a sua habitual atitude de reclamão.
Faça como Sócrates, reflita!
FIM.
sábado, 2 de agosto de 2014
Suco de Confusão Política com bastante açúcar, por favor.
O que fazemos quando estamos querendo nos distrair? Cada pessoa tem um gosto e em cada gosto extrai-se um objetivo. Pode ser tocar um instrumento musical, olhar o pôr do sol ou até mesmo dormir. Para além das obviedades, há quem encontra num passeio ao shopping center um recanto para dissolver o caos da vida moderna. É nesse ambiente que podemos notar os mais variados gostos, velocidades e completo tumulto. Para analisá-lo superficialmente deparei-me com o cenário em questão em um sábado qualquer. Filas para entrar, filas para sair, filas para comer, filas para esperar. A espera deve ser um princípio básico para o sujeito que se propõem a passear nesse universo de ofertas e demandas. Há um motivo qualquer para distrair-se vendo coisas das quais não podemos nos apoderar? Sabe-se que essa reprodução do consumismo/capitalismo está escancarada ao olharmos para a menor das lojas às mais pomposas. Gastar significa estar ali. Estar presente e poder usufruir de um sentimento único de aquisição de objetos. Claro, o shopping oferece diversos serviços: alimentação, diversão, entre outros. No final das contas tudo é dinheiro.
Os mais céticos afirmam que não. E quem sou eu para provar o contrário? De modo algum quero instituir um regime autoritário, uma esquerda cheia de remorso e mania de achar que tudo é de todos. Nunca foi assim e teimo em dizer que dificilmente vai ser. Olhe para a história e verifique se um regime comunista fora realmente eficaz em todas as suas esferas. Hobbes já disse que o homem não está aqui para brincadeira e tomar chá das cinco com seu arqui-inimigo. O homem é animal de difícil trato. Podemos até nos acostumar com a ideia de apaziguamento, mas a possibilidade de paz entre eles é mero conto de fadas. O que devemos fazer é buscar aperfeiçoamento, buscar alternativas reais para lidarmos com a questão de que "sempre haverá alguém que possui mais dinheiro que você." Parece simplório e extremista, mas a ideia é pertinente e realista, para a discórdia geral do pessoal que veste a camiseta surrada do Che com muito orgulho e paixão.
Enquanto reflito sobre essa não conformidade, desigualdade, consumismo e ritmo frenético, peço um simples suco de laranja em uma das dezenas de lanchonetes. Todas parecem iguais mas o marketing massivo impregna a imagem de que a fruta ali está mais fresca que acolá. Tudo indica que nessa específica lanchonete algo está melhor. Pior, o valor é o mesmo das outras. O gerente, enfadonho e numa vestimenta fora de contexto, gravata, roupa social comprada em hipermercado, grita com a funcionária que extrai o suco da laranja "extra-fresca". "Olha o tamanho dessa fila! Mais rápido com esse suco aí!". Não há ética, etiqueta ou sei lá o que deveria existir para demonstrar um mínimo de descrição entre patrão e funcionário. Essa velocidade liberal é de doer as vísceras, de doer meu bolso e meu cartão de crédito. O que Karl Marx diria? Pensando bem, seria mais agradável se todos fossem iguais.
Começo a tomar o suco. Termino de tomar o suco. Pego meu carro e vou embora do shopping. Liberalismo? Comunismo? Socialismo? O suco estava azedo demais, ativou instantaneamente minha gastrite, assim como o difícil dilema em encontrar um regime político que me atendesse e entendesse as necessidades também do meu vizinho, amigo, tio e tia.
FIM.
Os mais céticos afirmam que não. E quem sou eu para provar o contrário? De modo algum quero instituir um regime autoritário, uma esquerda cheia de remorso e mania de achar que tudo é de todos. Nunca foi assim e teimo em dizer que dificilmente vai ser. Olhe para a história e verifique se um regime comunista fora realmente eficaz em todas as suas esferas. Hobbes já disse que o homem não está aqui para brincadeira e tomar chá das cinco com seu arqui-inimigo. O homem é animal de difícil trato. Podemos até nos acostumar com a ideia de apaziguamento, mas a possibilidade de paz entre eles é mero conto de fadas. O que devemos fazer é buscar aperfeiçoamento, buscar alternativas reais para lidarmos com a questão de que "sempre haverá alguém que possui mais dinheiro que você." Parece simplório e extremista, mas a ideia é pertinente e realista, para a discórdia geral do pessoal que veste a camiseta surrada do Che com muito orgulho e paixão.
Enquanto reflito sobre essa não conformidade, desigualdade, consumismo e ritmo frenético, peço um simples suco de laranja em uma das dezenas de lanchonetes. Todas parecem iguais mas o marketing massivo impregna a imagem de que a fruta ali está mais fresca que acolá. Tudo indica que nessa específica lanchonete algo está melhor. Pior, o valor é o mesmo das outras. O gerente, enfadonho e numa vestimenta fora de contexto, gravata, roupa social comprada em hipermercado, grita com a funcionária que extrai o suco da laranja "extra-fresca". "Olha o tamanho dessa fila! Mais rápido com esse suco aí!". Não há ética, etiqueta ou sei lá o que deveria existir para demonstrar um mínimo de descrição entre patrão e funcionário. Essa velocidade liberal é de doer as vísceras, de doer meu bolso e meu cartão de crédito. O que Karl Marx diria? Pensando bem, seria mais agradável se todos fossem iguais.
Começo a tomar o suco. Termino de tomar o suco. Pego meu carro e vou embora do shopping. Liberalismo? Comunismo? Socialismo? O suco estava azedo demais, ativou instantaneamente minha gastrite, assim como o difícil dilema em encontrar um regime político que me atendesse e entendesse as necessidades também do meu vizinho, amigo, tio e tia.
FIM.
terça-feira, 22 de julho de 2014
Caros Leitores
O tempo passou e eu fiquei sem saber o que escrever. Escrevia desde criança, jovem e até o começo da idade adulta. Veio a internet, o advento de um universo através do clique e a possibilidade de montar um site próprio. Daí nasceu minha primeira viagem na rede, um site. Escrevia sobre diversas coisas e na maioria delas o humor estava carregado. Tão carregado que deixava o conjunto da obra com ar de inocente, textos derretidos por um humor juvenil.
Mais tarde veio a onda dos blogs e a criação desse que vos falo. Por mais de sete anos publiquei algumas de minhas "densas" poesias, contos e crônicas. Estava indo bem até que decidi novamente carregar o humor. Exagerei, errei a mão e estraguei tudo de novo. Já deveria ter aprendido a lição, mas...
As postagens foram se tornando gradativamente mais escassas. Não havia um padrão ou parâmetro, simplesmente um punhado de conteúdo sem sentido. Veio a intensificar essa confusão o agravante: cursar uma graduação de humanas. Tornei-me meu maior crítico. Rever as postagens e indignar-se era fato. Logo após a publicação vinha um arrependimento indescritível de que havia escrito bobagens. Bobagens, bobagens... Isso resume os sete anos dedicados aos poucos leitores do blog. Pior, haviam leitores. Poucos e que são passíveis de contagem nos dedos. Pior ainda, de apenas uma mão!
Enfim, com o passar de quase uma década nós amadurecemos. Eu, você e até aquele cara chato que nunca parece "crescer". Afinal, seriam meus textos péssimos? Meu julgamento estaria correto e absoluto? Não tenho a mínima ideia. Só sei de uma coisa: quero começar de novo. Sim, a escrita amadurece junto com quem a escreve. E se ela não for boa o suficiente? Erros gramaticais ou falta de coesão? TUDO isso pode acontecer, porém a intenção foi verdadeira.
O que vou escrever? Estive pensando em crônicas. São rápidas e não muito rebuscadas. Ou seja, são possíveis.
Espero não decepcioná-los mais uma vez. Alô, tem alguém aí? Acho que vou escrever umas piadas. Humor, quem sabe...
FIM.
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